Em 1968, ano da inauguração do MASP de Lina Bo Bardi, Lygia Pape apresentou O Divisor, uma obra que expressa a criação coletiva e plural do movimento neoconcretista. Um lençol de 30 metros quadrados, com buracos para as cabeças dos participantes, formava “a pele de todos: lisa, leve como nuvem: solta”, convidando qualquer um a integrar uma coreografia espontânea pelas ruas e parques, sem regras ou hierarquias. Como experiência viva e em constante negociação, O Divisor é um não-objeto, libertando a arte dos espaços tradicionais e confundindo o dentro e o fora, o público e o privado. A obra dissolve a separação entre artista e espectador, rejeita a moldura e a base, e tem como fundo o próprio mundo. Assim como a arquitetura de Lina, propõe um espaço de infinitas possibilidades de uso e sentido, afirmando a inseparabilidade entre arte, pensamento e vida
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