segunda-feira, 28 de abril de 2025

Pesquisa: obras “não-objeto” + artistas cinéticos

 

   Em 1968, ano da inauguração do MASP de Lina Bo Bardi, Lygia Pape apresentou O Divisor, uma obra que expressa a criação coletiva e plural do movimento neoconcretista. Um lençol de 30 metros quadrados, com buracos para as cabeças dos participantes, formava “a pele de todos: lisa, leve como nuvem: solta”, convidando qualquer um a integrar uma coreografia espontânea pelas ruas e parques, sem regras ou hierarquias. Como experiência viva e em constante negociação, O Divisor é um não-objeto, libertando a arte dos espaços tradicionais e confundindo o dentro e o fora, o público e o privado. A obra dissolve a separação entre artista e espectador, rejeita a moldura e a base, e tem como fundo o próprio mundo. Assim como a arquitetura de Lina, propõe um espaço de infinitas possibilidades de uso e sentido, afirmando a inseparabilidade entre arte, pensamento e vida

  Nascido na Hungria e radicado na França, Nicolas Schöffer é considerado o pai da arte cibernética, uma forma de arte contemporânea que une ciência e criação ao utilizar princípios da cibernética — controle, comunicação e processamento de informações. Formado em Direito, abandonou a lógica fechada da profissão para dedicar a vida à arte, arquitetura e urbanismo, sempre rejeitando normas fixas. Professor de arquitetura, acreditava na união entre arquitetura e escultura, considerando a pintura tradicional ultrapassada por ser limitada ao 2D. Suas esculturas cinéticas empregavam movimento mecânico, luz e som, buscando criar experiências dinâmicas em torno de espaço, luz, tempo e som — elementos que, para ele, podiam até desmaterializar a arte. Com sensores, feedbacks e efeitos, suas obras reagiam a sinais do ambiente, envolvendo o público em espetáculos de massagem mental e movimento rítmico. Projetos como o balé cibernético integravam bailarinos reais às máquinas, luzes e sons, dissolvendo fronteiras entre arte e tecnologia. Embora muitas ideias tenham ficado no papel, Schöffer defendia que a verdadeira ferramenta do escultor moderno era o computador, apostando na ciência e na arte juntas como base para descobrir o mundo. Tirava todas as camadas desnecessárias da obra, buscando o essencial: participação, ludicidade e dinâmica contínua.


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